A rejeição que não chega ao fim!
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Depois de conferir a exibição para a imprensa em São Paulo, decidi assistir “Do Começo Ao Fim” novamente para ouvir a opinião do público e também apoiar a bilheteria do filme corajosamente dirigido por Aluizio Abranches.
Essa foi a única vez que fui ao cinema e vi não apenas 1 ou 2 pessoas irem embora durante a sessão. Mas cerca de 20 pessoas não agüentaram assistir o filme do começo ao fim. Casais heterossexuais de diversas idades e grupos apenas de mulheres pareciam pudicos demais ao presenciar cenas íntimas de dois homens. A cada vez que os atores apareciam nus ou trocavam caricias, alguém levantava e ia embora da sala. A reação era tão patética que os que ficavam na sala riam da situação, ao ver mais pessoas deixando a sessão. Alguns diziam “que absurdo”, “hipócritas”. E vendo tudo aquilo, eu fiquei indignado como o público brasileiro, de uma classe nobre, na maior cidade do país, pode ser tão preconceituoso.
Talvez para as mulheres que abandonaram a sessão pouco mais de 40 minutos apos o início do filme, deve ser inaceitável ver dois homens bonitos e másculos se beijando. É mais confortável manter os gays como seus “amigos cabeleireiros”, inofensivos e dentro dos estereótipos que não atraiam (ou frustrem) seus desejos.
Para os casais heterossexuais, se foi o namorado/marido que pediu pra sair, talvez ele tenha ficado com medo de ver que qualquer homem pode ser homossexual, inclusive o médico que ele tanto confia e que está acima de qualquer suspeita. De repente, a ausência do “viadinho” o assustou e pela primeira vez se sentiu frágil diante da forte imagem de um homossexual igualzinho aquele melhor amigo que sempre o acompanha nos jogos de futebol e ele jamais diria que é gay.
É patético.
Tirar o homossexual dos programas humorísticos ou das novelas e retratá-lo no dia-a-dia, longe dos personagens caricatos e como qualquer outra pessoa, choca o público. Parece confortável deixar os gays no papel de coadjuvante, com características facilmente reconhecíveis e inofensivos. É simples para o público imaginar que os homossexuais estão escondidos ou não tem a menor chance de fazer parte do dia-a-dia, pois eles acreditam que são exatamente como as lendas e como os personagens de novelas: drogados, só pensam em sexo, fashion, fúteis e na primeira oportunidade se transformam em heterossexuais e casam com uma gostosona.
Difícil é encarar uma realidade que durante tantos anos fizeram questão de ignorar. Difícil imaginar que o irmão, o filho, o primo, o melhor amigo e dezenas de pessoas que fazem parte do dia-a-dia, possam ser homossexuais. E o mais difícil é perceber que todo o preconceito é contra alguém igualzinho a eles.
Os reais motivos que levaram as pessoas a deixarem a sessão e não esperar o fim, não dá pra saber mas dá pra imaginar. “Do Começo Ao Fim”, para essas pessoas, pode ser o pior filme do mundo, mas por alguns minutos ofereceu a chance de cada um deles refletir sobre um sentimento de homofobia que talvez eles nunca imaginaram ter, por nunca terem conhecido um homossexual de verdade.
Fonte: Dolado
9 comentários:
Amigo, concordo com tudo que vc escreveu aqui, mas sinto que a regeição do filme, tbm pode está acontecendo por causa do tema dele, e não de seu gênero. As pessoas devem estar muito assustadas, imaginando que qualquer irmão que seja muito unido deve está comendo o outro. Digo a vc que verei o filme mais pelos dois atores, que são lindos, mas não mentirei ao dizer que o incesto no filme tbm me choca. Acho que se os dois fossem primos, seria mais aceito.
É, vc tem razão Luíz.
Mas pense, eh uma evolução p/ a história dos gays no Brasil, e tb uma evolução para a história do cinema nacional.
Eu ainda não tive a chnace de assistir, esse texto não é meu, mas assim que eu puder irei assistir concerteza.
E vc tbem, va ao cinema prestigiar esse filmaço, mesmo que vc fike chocado. hehehe
Abraços
Gostei muito do seu texto! Me deu vontade de ver o filme. Farei isso. Abçs!
gostei muito do artigo e queria muito ver o filme, mas moro fora do Brasil...uma pena! vamos continuar assustando e horrorizando o povo por sermos nos mesmos. por nao nos encaixarmos no stereotipo! afinal, queira ou nao, nao vamos sumir tao rapidamente..
adorei seu blog! volto em breve!
Luiz,realmente eh mesmo uma pena, mas quando estiver disponível na net, coloco ele aqui.
Obrigado pela visita, volte sempre.
Abraços
Estou loko pra assistir esse filme. Adorei o texto.
Eh Mara Silvin! estou só esperando o download ficar disponive, e colocarei aki no blog, fike de olho! ;-D
Abraçoos
Eu também concordo o tal do Luiz. Acho que o filme não traz uma coisa legal pro grupo LGBT, não é legal pra muita gente ver dois irmãos apaixonados, é muito estranho. Do Começo ao Fim poderia, por exemplo, retratar a história de dois amigos de infância...
Quanto aos "clichês" eu concordo com o autor do artigo, a sociedade brasileira está acostumada com o esteriótipo "viadinho-bambi" associado diretamente ao homossexualismo, e sabemos que existem muitos machões que gostam do mesmo sexo.
A hipocrisia é muito grande. Infelizmente ainda veremos muitas notícias de homofobia no Brasil.
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